Descanso forçado
Faz uns dias que eu não apareço por aqui, acontece que nesses últimos dias eu tive uma das crises mais chatas que enfrentei nos últimos meses! Algo como uma crise de ansiedade, que desencadeou numa tensão tão forte na região dos ombros, que toda essa rigidez me fez ficar parado por uns dias e isso afetou não só meu trabalho, como minha cabeça e rotina.
Mas agora eu tô bem!
Me movimentando e voltando a fazer minhas coisas com mais calma. Inclusive desenhar e escrever.
Como tentativa de esquentar a mão um pouquinho e reativar os músculos do meu cérebro, eu tentei rascunhar algo de um jeito diferente do habitual e brincar com lápis de cor aquarelável.
Encontrei um estojo que deve ter uns 10 anos, (e pelo menos uns 5 que não mexo) e até que funcionaram ok:
Eu até gravei um video com o processo pra tentar vencer uma outra barreira que tenho, que é mostrar a minha cara e meus processos de um jeito mais de perto.
Não ficou perfeito, nem o vídeo e nem o desenho, mas já é um começo.
O ponto fraco da versatilidade
Uma coisa que sempre me pegou no meu desenho é a versatilidade de traço que eu aprendi a ter por conta do meu trabalho.
Não que eu seja excelente em tudo que me proponho a fazer, longe disso!
Mas é que, quando você se condiciona a experimentar algo por necessidade, é comum se perder no meio do caminho e esquecer da sua essência. Ao menos eu lido com isso tem um tempo.
Trabalho como ilustrador há uns 10 anos, já tive um estúdio de ilustração com minha companheira, onde trabalhávamos prioritariamente com bandas e marcas de roupa, e faz 4 anos que sou ilustrador em um estúdio de design.
Mas só nos últimos 2 ou 3 anos eu tive coragem de me aventurar em meu traço autoral, mas aí veio a pergunta:
“Qual é meu traço autoral?”
Aqui um exemplo com desenhos “de mim mesmo” - como todo cartunista egocêntrico/auto piedoso - em estilos variados e épocas diferentes:
Se você se esforçar, até dá pra encontrar uma conexão entre eles, mas só se você se esforçar muito!
Eu me condicionei nesses últimos 10 anos a trabalhar com desenho e não mais a desenhar pra mim. E no processo eu perdi minha expressão artística.
Veja, todo esse processo está muito mais ligado à insegurança de produzir algo com um nível de qualidade esperado, do que necessariamente uma vontade de explorar e evoluir.
O resultado pode até ser positivo, mas por muito tempo não foi.
Já deixei de publicar projetos, já arquivei inúmeras ideias, deletei gibis completos e mais um tanto de coisa. Tudo porque eu me sentia super inseguro com o caminho escolhido, e em como isso afetaria um possível julgamento de quem consumia meu trabalho. Um pouco ansioso e inseguro da minha parte não?
Eu falo como se isso fosse história passada, mas recentemente eu fiz um reboot no meu próprio quadrinho! Olha como o Nico era, e como ele está:
Vamos ver o quanto vai durar…
Temos um ponto em comum. Durante muitos e muitos anos desenhei em vários estilos diferentes porque fui convencido de que essa era a única maneira de trabalhar com desenho. Só agora, com mais de 50 anos, é que "descobri" que posso me especializar e desenhar no estilo que gosto mais.