Novamente eu fiquei uns dias sem aparecer por aqui, tudo bem. O intuito disso é ser orgânico mesmo :)
Vou tentar ser mais presente, mas não prometo.
Subestimei a lesão que tive no meu ombro, e o estresse que isso me causou me fez tomar uma decisão de diminuir meu ritmo de uma maneira mais ampla, não só aqui, mas em tudo que me cerca. Carol e eu, tiramos uns dias de folga, viajamos pra um lugar no meio do mato e ficamos quietinhos lá, tentando recuperar a mente e o corpo.
Deu 45% certo.
Espero que esse problema no meu ombro não persista, confesso que sou bastante inconsequente e irresponsável com minha saúde corporal no que tange a mobilidade, alongamentos, resistência e etc. Em minha defesa, eu tenho um problema no ombro que me acompanha desde sempre, justo no meu lado dominante. Mas isso não é desculpa pra não tomar mais cuidado.
Eu poderia tentar descrever o nome e dar um diagnóstico torto aqui, mas vamos dizer que é como se meu ombro fosse feito de papel. Daqueles bem vagabundos sabe? Se puxar? Rasga. Se molhar? Estraga. Se apertar demais? Amassa.
Que sorte a minha ser artista.
Apegado Demais
Assim que voltamos, tratei de colocar meu quadrinho em dia e organizar tudo que estava pendente.
Faltava bem pouco pra eu alcançar o número de páginas que eu fiz pro Curb Talk, e pra minha (nem tanto) surpresa: A última me deu um pouco mais de trabalho.
Acabei fazendo a mesma página três vezes e usando materiais diferentes. Vou mostrar um fragmento da página que demonstra o que quero dizer.
Para algumas pessoas isso pode não fazer diferença, no começo não fez pra mim também. Afinal, tenho buscado exercer meu desapego e aplicar isso em meu trabalho.
Mas, quando descansei meus olhos e voltei pra página (o que normalmente faço na manhã seguinte), eu achei ela muito ruim. Tratei logo de me corrigir:
“Você é desapegado cara! Isso é você, sua expressão! Bora pra próxima, afinal, tem sempre mais uma página!”
Conforme eu fui me repetindo tudo isso, percebi que estava apegado ao meu desapego. E fiquei contra a parede. Percebi que preciso entender que o desapego não pode ser forçado, senão ele vira indiferença, e ocasionalmente um descuido. No caso eu entendo que é uma eterna busca, até que um dia não seja preciso buscar mais.
Existe uma linha tênue entre desapego e descuido, e é preciso balancear as duas coisas. Talvez o maior desafio que eu tenha encontrado nesse meu retorno ao trabalho analógico seja esse, e algo me diz que isso vai me acompanhar por um tempão.
O tempo passa tão rápido que eu nem percebi que você tinha demorado um pouco mais pra postar. Talvez seja a única vantagem do tempo passar rápido. Eu vejo a diferença entre as 3 técnicas que você usou, os materiais diferentes influenciam, sim. Lembro do Moebius ter dito uma vez que estava descontente com um trabalho que estava fazendo, que estava pesado demais; aí trocou o bico de pena velho por um novo, e tudo ganhou luz! Acho que o que você fez (refazer 3 vezes a mesma página ) foi uma forma de desapego também, porque você teve que se desapegar da primeira versão que já tinha feito e se permitir mais duas!
Adorei! A evolução é constante em todos os sentidos, e isso é sempre bom.