Construindo uma página
Aqui vai um alerta, eu não sou especialista! Então tudo que você ler é o que eu chamaria de “orelhada” ou “achismo”, tomar o que vem a seguir como verdade é por sua conta e risco!
Alertados e conscientes disso, vou falar um pouco sobre a construção dessa página.
Fazer um quadrinho mudo é uma das coisas que eu mais gosto, mas pra funcionar bem eu preciso pensar muito antes, do contrário fica aquela coisa do autor fingir que conseguiu e o leitor fingir que entendeu, mas ninguém admite realmente o que aconteceu.
Cabe aqui o meu segundo alerta, essa página é um dos raros casos de eu acertar minha intenção, na maioria das vezes eu desisto e lanço um texto pra “explicar” o que eu queria, ou ao menos tentar.
Primeiro de tudo, eu tento separar a página por blocos e como as páginas coloridas geralmente são divididas em três linhas, eu tento entender cada bloco como algo independente que no fim completa o todo, mas ainda assim funciona sozinho.
Note que o sentido da leitura “natural” continua funcionando, nesse tipo de “zigue e zague” aqui:
Feito isso, eu preciso considerar o “movimento” da página. Existem infinitas possibilidades de construção de quadros, mas eu quis usar umas linhazinhas invisíveis pra ajudar no movimento, então essas diagonais na construção de cada quadro ajudam nessa intenção. Como minha ideia era ter algo silencioso e ao mesmo tempo dinâmico, usar esses ângulos mais “agressivos” na construção do meu layout ajuda a leitura a ficar menos monótona e cheia de interpretação desnecessária, já que aqui eu queria que ficasse tudo bem óbvio.
Por fim, eu queria que cada leitura também funcionasse verticalmente, reforçando mais ainda tudo que está acontecendo!
E para efeito de comparação, na primeira versão, como “Curb Talk” ainda, eu tinha quebrado a cabeça muito mais pra deixar ela assim.
Acho que é isso!
Novamente, isso tudo é “orelhada” da minha parte. Mas funciona pra mim.
Mudei de ideia
Acho que o pessoal hoje em dia chamaria isso de reboot, mas eu chamo de voltar atrás. Note, “No Meio Fio” era minha primeira opção de nome e esse estilo de desenho também. Tem dúvidas? Eu posso provar!
Viu? Esse é o primeiro rabisco e página oficial.
Antes a série começaria com o Nico acordando seu irmão pra planejar o final de semana. Acabei abandonando essa ideia e usando em uma outra página e decidi começar tudo com um dia nascendo em um quadrinho mudo com um personagem misterioso pixando a caixa d’água da escola. Eu não esperava que alguém entendesse isso e é justamente por isso que eu to explicando.
Se você reparar no rodapé tem lá “Meio Fio #01” ao lado de “Curb Talk”. E eu quase cometi o mesmo erro de novo! Quer ver?
Que bom que eu pensei duas vezes né?
não tem nada de orelhada no que você falou, e sim de domínio técnico, senso estético apurado e talento nato como narrador gráfico, meu caro. excelente post!