Antes de tudo, isso é uma tentativa
Se você veio até aqui pra ler os meus quadrinhos ou ver uns desenhos legais, eu tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. A boa é que você vai ter um pouco disso, a ruim é que você provavelmente vai conhecer um lado rabugento que eu não demonstro em todas as redes sociais (lugar de onde você provavelmente veio).
Prometo tentar não me estender.
Eu nunca me dei tão bem com redes sociais, entendo que já faz um tempo que isso tá super inserido em nossas vidas e vislumbrar um mundo longe disso é quase impossível nos dias de hoje, mas isso não deixa de ser um grande incomodo pra certas pessoas, eu incluso. Porém lá em 2007, quando meu entorno geracional estava se introduzindo nesse mundo e descobrindo mil possibilidades, eu confesso que fui um blogueiro.
Não, um micro blogueiro seria mais preciso.
Me encantei com o mundo dos Wordpresses da vida e a ideia de compartilhar o que penso com amigos, falar de gibi, música e tudo que mais eu quisesse e pudesse. Só que esse fogo durou pouco e logo eu voltei pro meu cubículo numa indústria que massacrava a criatividade de qualquer um que pisasse nela.
A vida acontece, o mundo acontece e aqui estamos. As redes sociais decepcionaram todo mundo, um ambiente criativo e livre que ela proporcionaria virou uma disputa estética e de status onde quem não se adapta se machuca.
Antes de eu me machucar eu estou tentando me adaptar e recobrando um pouco do que eu mais gostei nesse mundo moderno, dividir meus pensamentos e produções direto com quem me acessa, ao invés de disputar com quem deveria ser meu aliado.
Um resumo rabugento e extenso, eu disse que era uma tentativa.
Sobre fazer quadrinhos
Quem me ensinou a gostar de ler foi meu pai, eu desenho por causa do meu pai, e eu amo ouvir e contar histórias por causa do meu pai. Ele sempre teve a capacidade de transformar o banal em algo interessante e te prender ao longo da história toda de um jeito que o fim medíocre não é anti climático, mas a conclusão perfeita. Daquelas como nos filmes cult que quem é fã das histórias de final feliz fica “É só isso?”.
Contar histórias sobre o mundano, sobre memórias, sejam minhas ou de outras pessoas é a maior motivação que eu tenho pra fazer quadrinhos. Existem histórias nos galhos que a gente pisa quando anda apressado na rua, mesmo que a história seja só um barulho engraçado.
Poético? Pode ser! Mas é verdade!
Estou envolvido com isso desde 2007 e, entre decepções que eu causei ou me causaram, eu estou aqui. Um monte de histórias curtas que eu fazia entre as crises que a vida me trouxe.
No começo de 2023 eu iniciei uma série chamada Curb Talk em minhas redes sociais. Não vou me prolongar sobre esse assunto agora mas para resumir, foi a ideia de criar o Curb Talk que me fez voltar a criar quadrinhos mas também querer parar. Não consegui ter a fibra necessária pra criar uma tira usando instagram e twitter como fonte de publicação e o estilo escolhido em adição com a ansiedade que as redes sociais me causavam me tirou toda a diversão de fazer isso.
Após 29 tiras eu entrei em um intervalo com o objetivo de me redescobrir e me reconectar com meu desenho, minha arte ou o que preferir.
Pouco mais de 10 anos trabalhando como ilustrador e na última metade raramente desenhando com algo que não seja um pixel, eu pausei a produção do meu quadrinho e aproveitei toda chance que eu tinha pra rabiscar no meu caderninho de maneira descompromissada e intuitiva, afim de me divertir apenas, e foi aqui percebi, eu tinha parado de me divertir…
E enquanto eu fotografava um dos meus caderninhos pra fazer esse gif super elaborado eu percebi: Eu to me divertindo pra caralho!
Próximos passos
Vou arrancar logo o band aid aqui já que me estendi demais pra esse primeiro post.
Reescrevi parte do Curb Talk e tenho redesenhado tudo.
O que fica igual? Os personagens, a história e a periodicidade.
O que muda?
Primeiro o nome…
“No Meio Fio” foi o primeiro nome que eu criei quando idealizei o Curb Talk há uns anos, mas abandonei por algum motivo e colonizado que sou, escolhi um nome em inglês, bobeira né?
Segundo, o traço. Tenho tentado desenhar tudo num estilo um pouco diferente, voltando a mexer com o papel de maneira mais orgânica e aceitando os acidentes no processo. Me investigando como desenhista e encontrando um estilo como o das assinaturas que fazemos em documentos.
E por último o local de publicação, que vai ser aqui!
Todas as tiras vão ser enviadas diretamente no email de quem assinou essa newsletter, inicialmente às Segundas e Sextas. Eventualmente isso pode mudar já que a ideia é não replicar a pressão que as redes sociais me impuseram. Tenham fé!
Eventualmente eu vou replicar as páginas no meu twitter e instagram, mas sem periodicidade definida, talvez só uma ou outra. Já que uma das coisas que me fizeram sair de lá é a leitura que fica prejudicada pro que eu quero com meu quadrinho.
Também vou lançar isso em coletâneas físicas, em um formato super legal que quero há um tempão, mas vou divulgar a data conforme for fechando o número de tiras e o projeto gráfico.
EU QUERO O FÍSICOOOO!!!
Eu sabia que não ia me arrepender de me inscrever nessa newsletter! :) Engraçado que não te acho ranzinza, não (eu devo ser bem mais). É um alívio poder seguir o trabalho de artistas que a gente gosta sem ser pelas redes sociais; eu até gostava delas, até virarem uma rinha para militantes de todo tipo se matarem. E "No meio fio" é ótimo!